Em novembro de 2016 iniciou-se uma série de conversas sobre o futuro do site Motocultura. Destas conversas, acabou nascendo a segunda versão do que é hoje o trabalho atual de Motocultura, não só em termos de identidade visual e gráfica mas também no que dizia respeito à linha editorial. Entre muitas ideias, uma em particular continuava latente na cabeça de Duc Desmo, o idealizador e fundador do Motocultura: o desejo de realizar um concurso de motos customizadas. Com pouquíssimos braços, poucos recursos e uma série de limitações típicas de um veículo de comunicação de nicho ainda em fase inicial, percebemos que se ficássemos esperando as condições ideais, grana e tantas outras coisas, o projeto jamais sairia do papel. O mais importante era dar o primeiro passo, fosse do jeito que fosse. E assim fizemos.
Depois de algumas definições básicas, elaboramos a mecânica do concurso, estabelecemos datas e também formatamos como iria acontecer. Ao longo de cinco meses, iríamos eleger 5 motos a cada mês para concorrerem ao título de moto do mês e, consequentemente, a vencedora de cada mês seria uma candidata a uma final.
Um formulário simples do Google docs foi a ferramenta que encontramos para que os candidatos pudessem inscrever suas motocicletas a cada fase do concurso. Simples e sem muita burocracia. A cada etapa, as informações e fotos de cada moto inscrita eram transcritas (à mão!) para outro formulário online que era então disponibilizado para um corpo de 8 jurados escolhidos por Motocultura. Nesse formulário interno, a cada mês, os jurados atribuíam notas de 0 a 10 para cada moto inscrita em 5 quesitos diferentes: harmonia do conjunto, originalidade, acabamento, soluções técnicas e criatividade. Assim que os jurados distribuíam suas notas a matemática fazia todo o resto. As cinco motos com mais pontos iriam disputar o título de moto do mês presencialmente e expostas ao público. Para eleger uma moto finalista, entre as cinco, em cada fase, recorremos às redes sociais. As motos chegavam ao local do evento, eram todas fotografadas no mesmo local com a mesma luz, para evitar que uma foto muito bem produzida acabasse favorecendo uma das candidatas, e então eram publicadas no Instagram do Motocultura. A decisão da ganhadora ficava nas mãos de quem entrasse na rede social e desse seu “like” na sua favorita. Era mais ou menos uma espécie de voto popular, onde o público (e a internet inteira) decidia quem iria para a final. A rede social evitava votos duplicados (é possível dar like uma única vez) mas também colocava uma certa vantagem em quem tinha uma rede de amigos extensa. Cada proprietário podia ir nas suas redes e fazer o maior alarde “Votem na minha moto!”. Mas consideramos que isso era parte do jogo e que não era algo necessariamente ruim. Até por quê não tínhamos outra maneira de o fazê-lo. Publicávamos as fotos e estabelecíamos um intervalo de tempo para considerar o número de likes de cada moto. Ao badalar do horário estabelecido, conferíamos qual era a motoca com mais coraçõezinhos na rede dos pratos de comida e selfies e, assim, durante cinco meses, cinco motos foram eleitas finalistas pelo povo da internet.
Em novembro de 2017, reunimos as cinco motos finalistas e, baseados nos mesmo cinco quesitos anteriores, quatro jurados avaliaram as motos no mano a mano, olhando cada detalhe e atribuindo novas notas. O clamor popular não poderia ficar de fora. O Instagram foi o quinto jurado onde a moto com mais likes ganhava mais 50 pontos, a segunda mais votada 45, a terceira mais votada 40 e assim por diante. E olha, foi um suspense. A cada pontuação de um dos jurados, uma ou duas motos mudavam de posição. Primeira e segunda colocadas tiveram apenas 4 pontos de diferença.
O local onde as motos foram expostas em todas as etapas foi o Cafe Delirium em São Paulo. Uma parceria que a gente não sabe nem como agradecer. O bar nos cedeu o espaço, topou colocar as motocas dentro do bar por 6 meses e ainda deu ideias, sugestões e ajudou no que pode e como pode. Além deles, a Ducati Campinas também entrou na jogada. Nos cedeu uma Ducati Scrambler para ficar em exposição também a cada evento e nos deu carta branca para fazermos um concurso de grafismo da Scrambler paralelo ao concurso de customização que deu origem a uma Ducati Scrambler exclusivíssima que será vendida ao público apenas no Brasil. A STR services topou cobrir os pequenos custos que tivemos com um agradinho ou outro para os participantes em troca de divulgação. Ninguém ficou rico e ninguém ganhou uma Ducati, lamento informar. E por fim, a Racing Rabbit foi sensacional e, no meio do caminho, topou dar um prêmio bacana para o grande ganhador: uma jaqueta maneira personalizada com um patch de moto customizada do ano e um par de luvas. A gente respirou aliviado pois a única coisa que tínhamos condição de dar ao grande vencedor era uma abraço, que não custa nada. Basicamente, todo mundo que se envolveu junto com Motocultura o fez pra plantar uma semente e nós somos imensamente agradecidos a todos.
Mas a gente também tinha o nosso trabalho pra, pelo menos, oferecer a todos os classificados e finalistas. Cada moto eleita a cada mês também levava pra casa, além do nosso obrigado sincero e nosso abraço que não valia nada, um ensaio fotográfico maneiro pelas lentes do competentíssimo fotógrafo automotivo André Santos, acompanhado de uma pequena entrevista para os leitores de Motocultura.
Mas a parte mais legal de tudo, apesar de sabermos que é impossível agradar gregos e troianos, foram os participantes. O clima de confraternização foi muito legal. Não houve clima de disputa e competição em momento algum. Todos os participantes curtiram mesmo era ficar olhando a moto um do outro e trocando ideias e informações e isso foi sensacional. Sempre em uma coisa super saudável de camaradagem e amizade, como deve ser o motociclismo. E claro, o nosso maior muito obrigado é para todos que inscreveram as suas motos e se dispuseram a participar doando seu tempo mesmo sabendo que não tínhamos um milhão de dólares pra oferecer para o grande vencedor.
Os jurados também foram super legais doando seu tempo, votando nas motos e acompanhando o concurso desde o começo. Sem eles e sem todo o público que saiu de casa para participar, tudo seria impossível de realizar.
Primeira fase em junho de 2017
A quatro motos que obtiveram a maior pontuação com o voto dos jurados (uma moto não pôde comparecer) disputaram o voto popular.
Honda CG125 1978 de Oscar Calstrom
Honda CB450 1985 de Lucas Zanin
Yamaha XT600E 2002 de Matteo Pellizzer
Harley Davidson XR1200 2013 de Henrique Freitas
A vencedora da primeira fase: XT600E
Robusta, simples e imponente. A XT600E 2002 se transformou em outra moto pelas mãos da Mr. Bikes em São Paulo. Confira a matéria completa sobre a moto.
Mr Bikes
R. Alvorada 203
Vila olímpia, São Paulo – SP
CEP: 04506-003
(11) 3045-1653
mrbikesbrasil@gmail.com
Segunda a Sexta: 09hs às 18hs
Sábados: 09hs às 13hs
Segunda fase em julho de 2017
As cinco motos presentes no evento, para o público ver todas no detalhe e votar na sua favorita, e que obtiveram a maior pontuação na escolha dos jurados.
Suzuki DR650 1997 de Cristiano Zanatta
Honda CB450DX 1991 de Juliano Tokuda
A bela e clássica 450 construída pelo próprio Juliano acabou tendo destaque e ganhou uma matéria exclusiva que você pode ler aqui.
Ducati 1198 2010 de Carlos Delgado
Suzuki Freewind 650 2000 de Leandro Aguiar
Honda CG 125 1978 de Oscar Calstrom
Participando pela segunda vez (as regras permitiam inscrição em todas as etapas) a pequena azulzinha arrancou suspiros novamente.
A vencedora da segunda fase: Suzuki Freewind 650
Projetada pela 57 Garage, a moto foi modificada uma segunda vez para sua forma final pela Mr. Bikes, para ter a cara do novo proprietário: novo para lama baixo na frente, sai o number plate lateral e entra number plate frontal com dois pequenos faróis. Confira a matéria completa sobre a moto.
57 Garage
Avenida Ricardo Jafet, 541
São Paulo – SP
(11) 97759 5437
57garagebrasil@gmail.com
Terceira fase em agosto de 2017
Honda CB400 de Adrián Hernandez
Uma construção impecável projetada pelo mexicano Adrián e executada pela oficina Retro Rides chamou a atenção de todos. A moto, inclusive, já rodou o mundo por conta do projeto impecável tendo até um vídeo dedicado a ela no canal Racer TV (assista aqui)
Suzuki Intruder 125 de Eduardo Alves
Uma moto customizada pelo próprio proprietário que queria fazer algo exatamente como imaginou, sem dores de cabeça e sem custo exorbitante. Destaque para a criativa frente projetado a partir de um para lama.
Honda CBX750F de Elias Sampaio
Imponente e belíssima, a CBX também arrancou suspiros dos convidados.
Yamaha Fazer 250 de Daniel Costa
Uma scrambler clean e super bacana, com pintura bicolor e detalhes bem interessantes.
A vencedora da terceira fase: Suzuki Intruder 125
Mesmo diante de customizações pesadíssimas, a querida 125 da Suzuki, customizada pelo próprio proprietário virou o jogo e levou o título. Confira a matéria completa sobre a moto.
Quarta fase em setembro de 2017
Honda CB400 de Alexandre Porto
Uma construção feita em maior parte pelo próprio dono e que preservou a estrutura da moto com um resultado limpo, simples e que chama a atenção.
Honda CBX250 Twister de Calos Pazetto
Carlos, campeão de simpatia da noite, fez a moto inteira praticamente sozinho e na sala de sua casa. Um exemplo de projeto de custo baixo faça você mesmo pra provar que com vontade sempre dá pra fazer.
Kawasaki Ninja 250 de Flavio Viana
Uma transformação incrível sobre uma plataforma moderna com profundas modificações visuais e feita pelo proprietário!
Honda CG125 de Henrique Mattos
Uma pequena notável que chamou muita atenção. Um estilo hibrido entre brat (banco reto) e cafe (semi-guidão) muito harmonioso e bem construído.
Triumph Bonneville de Ricardo Ramires
Uma construção impecável e de extremo bom gosto realizada com paciência e tempo por Ricardo Ramires.
A vencedora da quarta fase: Kawasaki Ninja 250
O trabalho radical e bem cuiado de transformação elegeu a pequena Ninjinha como finalista.
Quinta fase em outubro de 2017
Honda CG 125 1980 de Bruno Salviano
Uma pequena jóia construída pela Pavani Motorcycles. Uma scrambler com um trabalho primoroso de pintura feita a mão no tanque e o detalhe bacana de uma pequena placa dianteira construída a partir de um shape de skate.
Ducati Monster 900 de Mauro Morelli
Um trabalho riquíssimo em detalhes em uma moto base que até original arranca suspiros. Uma conversão para cafe racer com tudo que tem direito e o grande destaque para rabeta e tanque em peça única. A moto foi construída por Sebastián Rochón da SR Corse. (Você pode conferir uma matéria completinha sobre a oficina aqui)
Honda NX 350 Sahara construída por Renato Frateschi
Uma construção de babar em uma transformação radical em forma de scrambler. Moto lindíssima e impecável construída por Renato Frateschi da Frateschi Garage. (Você pode ler uma matéria completinha sobre a oficina e o customizador aqui)
Suzuki Intruder 250 de Weber Junior
Uma moto com poucas modificações mas que a deixaram limpa e linda, na medida certa. Os pneus maiores de banda branca, assim como um aro menor na frente, deu outro vida para a moto que também ganhou semi-guidões e, apesar de ser uma moto pequena, ficou com um ar imponente de motos maiores.
A vencedora da quinta e última fase: Ducati 900
A beleza e o acabamento da Ducati, que pelo fato de ser uma Ducati por si só já chama a atenção, não deixou por menos. Foi eleita pelo público como a mais bacana da noite. Confira a matéria completa sobre a moto.
A grande final
Em novembro de 2017, reunimos as cinco motos eleitas ao longo do ano. Desta vez foram avaliadas pelos jurados e pelo público pra decidir quem levava o título para casa. O páreo entre a Ducati e a Ninja 250 foi duríssimo. A cada voto as duas trocavam de posição. A diferença entre elas foi de apenas 4 pontos! A diferença entre 4º e 5º lugares foi apenas de UM ponto!
Classificação final
5º lugar: Suzuki Freewind 650, com 174 pontos
4º lugar: Suzuki Intruder 125, com 175 pontos
3º lugar: Yamaha XT600E, com 188,5
2º lugar: Ducati 900, com 215,5 pontos
1º lugar: Ninja 250, com 219,5 pontos
A Ninjinha de Flavio Viana levou pra casa o título de Moto Customizada do Ano e também uma jaqueta exclusiva customizada da Racing Rabbit em alusão ao título.
Na final, o público também pode ver de perto uma Scrambler customizada por Duc Desmo, fundador do Motocultura.
Todos os finalistas levaram pra casa uma camiseta exclusiva Motocultura imitando exatamente o grafismo e cores de cada moto além de muitas histórias pra contar e novos amigos. A primeira edição, apesar de todas as dificuldades, dentro do possível foi um sucesso e em 2018 Motocultura vai aprontar ainda mais. Fiquem de olho!
Fotos e vídeo: André Santos