Motocicletas ambulância são algo relativamente novo da maneira como as conhecemos. Mas elas existem desde a primeira Guerra Mundial, quando eram utilizadas para retirar com rapidez soldados feridos do campo de batalha. Eli Beer, aos seis anos de idade, presenciou um atentado a bomba em um ônibus e aquilo foi o que o motivou a tornar-se paramédico voluntário, criar uma estratégia de atendimento rápido e eficiente baseado em localização e adotar a motocicleta como veículo de emergência. A experiência deu tão certo que atualmente ele mantém um grupo internacional chamado United Hatzalah que já atendeu, apenas em Israel, mais de 200.000 pessoas e salvou a vida de mais de 40.000.

Além do trabalho ser completamente voluntário, o fato de estar em Israel provocou uma união sem precedentes entre árabes, judeus, cristãos e muçulmanos que deixam de lado suas diferenças para unirem-se por algo maior: salvar pessoas, independentemente de onde elas são e no que acreditam.

Segundo Eli, um dos três fatores cruciais para o sucesso do grupo é o fato de utilizarem a motocicleta, muito mais ágil no trânsito das grandes cidades. Isso faz com que ela chegue muito mais rápido ao local de um acidente para que seu piloto/paramédico possa estabilizar e prestar os primeiros socorros até a chegada da ambulância que será responsável por encaminhar o paciente ao hospital. E como é de conhecimento comum, o atendimento rápido é um fator de vida e morte para pessoas com traumas maiores em acidentes. Todo minuto faz diferença.
No Brasil, o serviço de atendimento com motos ambulância começou em 2000 no Corpo de Bombeiros da cidade de São Paulo. Eles se deslocam em duplas onde a primeira moto leva equipamento de trauma mais básico e a segunda moto leva equipamentos mais sofisticados para coisas como parada-cardiorespiratória, kit parto e desfibrilador, por exemplo. Como o espaço nas motos é pequeno, as duas motos são complementares no sentido de levarem todo o equipamento. Isso também determina a ordem em que as motos seguem até a ocorrência e a segunda moto não pode ultrapassar a primeira assim como deve rigorosamente seguir a primeira pelo mesmo caminho para evitar que algum motorista se assuste com a primeira e, eventualmente, faça algo brusco e atinja a segunda moto. Além disso, elas possuem sirenes diferentes para que os motoristas percebam que se tratam de duas viaturas diferentes. O site Motonline tem uma matéria completa e interessantíssima sobre os bombeiros em duas rodas de São Paulo.

Eli, em 2010, foi nomeado Social Entrepreneur of the Year em Israel. Dois anos depois, tornou-se um jovem líder global do Forum Econômico Mundial. Sua rede de atendimento baseada em tecnologia de geolocalização embarcada em um aplicativo de celular faz com que média de atendimento de qualquer chamada seja menor que 3 minutos.
Os veículos utilizados pela organização de Eli são os scooters monocilíndricos Majesty da Yamaha de 400 cilindradas e que tiveram sua produção encerrada em 2010.

A ironia de tudo é o fato de apesar da motocicleta ser considerada por uma maioria com algo perigoso, ela tem se provado um fabuloso instrumento para salvar vidas.
Vale muito a pena reservar 10 minutinhos e assistir o próprio Eli contar toda a história em detalhes em sua fala no prestigiado forum TEDMed.
Assista Eli Beer contar sua história:
(com legendas em português)