A maioria ainda torce o nariz para as motocicletas elétricas. Mas o fato é que elas estão chegando pra ficar. Prova disso é que uma das mais tradicionais marcas americanas, a Harley Davidson, anunciou para 2019 o início da produção da Live Wire, sua primeira elétrica de produção em massa. E nestes novos tempos também já existem projetos ousadíssimos que olham anos a frente no futuro. É o caso da motocicleta ARC Vector apresentada na EICMA (Esposizione Internazionale Ciclo Motociclo e Accessori) este ano.
De qualquer maneira, mais do que um exercício (e execução) louvável de engenharia, tecnologia e futurismo, a ARC, em uma definição mais realista, é um brinquedo caro e diferente pra quem pode se dar ao luxo de desembolsar 117 mil dólares por uma entre as 355 unidades exclusivas disponíveis. A propósito, ainda é um mal do qual sofrem os veículos elétricos em geral: o alto preço. O automóvel Smart, talvez o mais icônico dos elétricos, com sua proposta nitidamente urbana bate na casa dos 25 mil dólares, quase o preço de um Ford Mustang básico, dos novos, de quatro cilindros. Obviamente a conta é simples: a produção dos veículos elétricos ainda é cara e a demanda, muito pequena.

Mas não é de admirar que a ARC seja declaradamente um veículo de luxo. Seu projeto veio da ARC Vehicle Limited, fundada por um ex-executivo e engenheiro da Jaguar, Mark Truman, que trabalhou durante muito tempo na montadora em uma divisão justamente de inovação e ideias malucas. E a Jaguar, de certa forma, continua na jogada. A ARC foi fundada com investimento da In Motion Ventures, um grupo de investimento da Jaguar e Land Rover focado em injetar dinheiro em iniciativas de trasporte e mobilidade que envolvam disrupção e tecnologia. A inglesa Mercia Fund Management, também focada em tecnologia, é outra empresa de investimento por trás da iniciativa.
A Vector não é apenas uma motocicleta, junto a ela foi embutido todo um conceito de HMI (Human Machine Interface) onde a integração homem máquina é levada a um novo patamar por vestimenta e acessórios que trabalham juntamente com o veículo na experiência de pilotagem.
Um capacete, chamado Arc Zenith, com um design ironicamente vintage, conta com um Head-mounted display, uma versão mais moderna dos antigos HUD (Head Up Display) onde informações cruciais, como velocidade, por exemplo, são projetadas no visor do capacete do piloto (assim como nos modernos caças e helicópteros de combate). O equipamento não fica exatamente na viseira mas sim em um visor, dentro do capacete, sobre o olho direito do piloto. Além disso, o capacete conta com uma câmera na traseira para mostrar ao piloto tudo o que está atrás dele. Um sistema de comandos por voz também está disponível. O conceito lembra muito o projeto de financiamento coletivo do capacete Skully de 2014 que acabou falindo em 2016 por conta de dívidas enormes e atrasos nas entregas. A companhia foi comprada em 2017 e, aparentemente, voltou a ativa em 2018.


Há também uma jaqueta com um sistema embutido de sensores e dispositivos de vibração que fazem um papel parecido com o force-feedback dos modernos consoles de videogame. Ao haver uma aproximação perigosa de um veículo por trás, por exemplo, a jaqueta vibra avisando ao piloto que há algo se aproximando.

A motocicleta em si é um espetáculo de design e engenharia. O quadro, que na verdade é a própria bateria, é todo em fibra de carbono e abriga dentro dele, muito bem escondida, toda a parte eletrônica, motores e controladores. A suspensão dianteira é quase como se fosse uma balança traseira na frente, provavelmente muito parecida com o sistema telever das motos BMW onde as bengalas são separadas das molas de suspensão em termos de função. No caso da Vector, a mola fica exposta na posição horizontal no lado direito da moto. Aliás, ambas as “balanças”, traseira e dianteira, também são em fibra de carbono. Nas fotos promocionais as “carenagens” parecem ser de alumínio mas em vários vídeos pela internet afora também vimos modelos onde as partes parecem madeira ou ao menos lembram madeira. Mas não encontramos essa informação. Você pode ver essa versão no vídeo no final da matéria.
Lanternas e piscas são completamente integrados ao corpo da moto que, em um design super limpo, classudo e fluído, não tem nada de proeminências que não sejam as pedaleiras e o guidão. O duplo farol são duas pequenas luzes sobrepostas dentro de uma bolha integrada com o que seria o tanque de combustível que, no caso da Vector, é apenas estético. Mas o que seria a tampa de combustível é na verdade a “tomada” de carregamento da motoca. O design do conjunto é realmente muito limpo e de bom gosto, sem exageros e não dá pra não lembrar de algum tipo de nave espacial de algum filme de ficção científica.





Com toda essa tecnologia, se tivéssemos um Homem de Ferro voando por aí hoje em dia, a Vector com certeza seria a escolha de Tony Stark pra rodar em grande estilo. Falando no herói, será que temos nosso Elon Musk (o Tony Stark da vida real) das motocicletas finalmente?
Os números também impressionam. Mark Truman afirma que as células de energia são muito mais leves que qualquer outra no mercado. Mas… temos de confiar na informação do pai da criança. Pelo monte de fibra de carbono na motoca me parece que as baterias ainda tem o velho problema de peso. Seu peso total é de 220 Kg (da moto inteira).
A Vector vai de 0 a 100 em 2,7 segundos empurrada por 95Kw (Quilowatts) de potência (mais ou menos 130 cavalos) que podem leva-la a uma velocidade máxima de 240 Km/h (algumas fontes falam em 193 Km/h). Ainda perde para o Tesla Roadster que faz a impressionante marca de 0 a 100 em 1.9 segundos. Sua autonomia é de 190 quilômetros na estrada e 274 quilômetros na cidade. Freios Brembo e amortecedores Ohlins fazem as vezes de domar a moto predileta de Thomas Edison.
Veja os detalhes da moto na entrevista com Mark Truman feita pela canal Knox Armour
Com informações de Bike Exif, Tech.eu, Xataka.com e Electrek.co