Cagiva Mito 125 – A história de uma clássica moderna

Nem só de super esportivas de quatro cilindros e 1000cc vive o homem. Existem pequenas jóias de 125 cilindradas que, em termos de design, tecnologia e acabamento não devem absolutamente nada para ninguém. Um belíssimo exemplar desta categoria e que tornou-se um clássico moderno é a Cagiva Mito. Uma pequena fantástica que, além de ser a motocicleta que iniciou o campeão Valentino Rossi nas competições de moto velocidade, foi re-estilizada em seu desenho mais icônico por ninguém menos que Massimo Tamburini, considerado por muitos como o Michelangelo das motocicletas.

As primeiras Mito do final dos anos 80.
As primeiras versões tinham dois faróis redondos meio esquisitos

Como se não bastasse ser uma moto pequena, ágil e com um design limpo e classudo (obrigado, Itália), a Mito é talvez uma das últimas resistentes do amado motor 2 tempos, famoso por seu desempenho fora do comum mas que, infelizmente, ao longo do tempo, foi ficando cada vez mais restrito e fora das ruas por conta das regulamentações cada vez mais rigorosas a respeito de emissão de poluentes.

A Mito foi lançada em 1989 com seu monocilíndrico 2 tempos de 125cc chamada de Mk I. Posteriormente, veio o modelo Mk II com suspensão dianteira invertida e novo para lama dianteiro. Já nos anos 90, a moto tornou-se a arqui-inimiga da Aprillia Futura AF1, também uma 125 2 tempos da rival italiana.

Mito MK II, a segunda versão, com suspensão dianteira invertida e novo para lama.
A Aprilia AF1 Futura: a rival da Mito

Foi nos 90 que a Mito realizou uma de suas maiores façanhas como motocicleta. Após o sucesso nas mini motos, o campeão Valentino Rossi resolveu subir de categoria e passou a competir com uma Mito. Foi com ela que competiu na categoria 125 no campeonato italiano em 1993. Sofreu quedas, altos e baixos e continuou aprendendo até que se classificou em nono lugar na competição. No ano seguinte, também com uma Mito, conquistou o título do campeonato. Daí para a carreira na moto velocidade, foi um pulo. Nada como um mito para iniciar outro!

Valentino Rossi e sua primeira moto de verdade: a Mito.

Ainda nos anos 90, a Cagiva Mito ganhou um de seus maiores presentes: foi redesenhada pelo designer italiano Massimo Tamburini em uma homenagem à igualmente icônica Ducati 916, também desenhada por Massimo. A 125 ganhou as linhas da Ducati 916 e foi nesse desenho que ficou conhecida pelo mundo. Massimo trabalhou para a Cagiva, Ducati e MV Agusta além de ser um dos fundadores da Bimota. Suas Ducati 916 e MV Agusta F4 foram parar no prestigiado  museu Guggenheim.

Mito Evo 1: redesenho de Massimo Tamburini
Ducati 916: clássica, ícone de design e que emprestou o look para sua irmã menor.

A moto ganhou novo e discreto redesenho no modelo Evo II (o modelo de Massimo chamava-se Evo), rodas diferentes com 6 raios no lugar de 3 e 6 marchas no lugar de 7 da Evo original.

Segunda geração da Mito Evo: novas rodas e uma marcha a menos.

Em 2005, mais uma re-estilização chamada de 525SP. Desta vez em homenagem à moto de competição da Cagiva em 1994 na moto GP, a GP500 do piloto John Koscinski que naquele ano obteve um ótimo resultado ficando em terceiro lugar no campeonato. As linhas da pequena Mito, principalmente na traseira e dianteira, passaram a lembrar a Cagiva 500 de John Koscinski. Mas esta versão era somente para pista. Apenas em 2008 a fábrica lançou uma versão de rua da 525 com uma série de modificações para atender a legislação de emissão de poluentes como um ECU controladora da carburação, catalisadores e uma bomba de óleo eletrônica.

A última Mito: SP525 inspirada na Moto GP
A moto de competição de John Koscinski em 1994, homenageada pelo último design da Mito.

Em 2006, na feira EICMA, foi apresentada uma Cagiva Mito 500 4 tempos como um protótipo que nunca entrou em produção.

A Mito 500: ficou apenas no protótipo com um motor 4 tempos KTM

Em 2012, depois de uma longa carreira de sucesso e admiração,  a Mito saiu de linha. Os últimos modelos produzidos foram assinados pelo CEO da MV Augusta, Giovanni Castiglioni. Explicando: a Cagiva havia comprado os direitos sobre a marca MV Augusta que tornou-se a marca principal da empresa.

Curiosamente, as Mitos mais antigas eram mais bravas que o último modelo 525. As Mito da geração Evo tinham 33 cavalos contra 24 da 525, provavelmente resultado da adequação dos motores 2 tempos as regras de emissão de poluentes. Mesmo assim, a Mito sempre foi uma moto lindíssima e objeto de desejo de muita gente que sempre entendeu muito bem o ditado de que tamanho não é documento.

As Mito se tornaram relíquias mundo afora. Aqui no Brasil é dificílimo ver uma delas andando pelas ruas. Por alguma razão, sumiram do mercado. Era comum encontrá-las a venda há uns 10 anos atrás por preços bem atrativos. Hoje é quase impossível.

São motos de entrada, de baixa cilindrada e que tem a chancela do design e da tecnologia italiana, além de adotar componentes de primeiríssima qualidade há mais de 20 anos quando quase nenhuma outra fabricante ousava fazer isso. Somente de uns anos pra cá que outras marcas entenderam que existe sim um público para motos de baixa cilindrada que prezam pela qualidade e design. Vide o sucesso das Ninjinha 250 e 300 quando foram lançadas por aqui. Mas igual a Mito provavelmente não veremos mais nada parecido. Se você tem uma, aproveite e cuide muito bem dela pois você tem uma relíquia e uma parte importante da história do motociclismo na sua garagem!

Motos irmãs

A Mito também deu origem a uma variante. Basicamente uma Mito com nova roupa e sem carenagem, em um design inspirado nas Ducati Monster. Era a Cagiva Planet que sofreu um único re-design e recebeu o novo nome de Raptor.

Cagiva Planet: basicamente uma Mito sem carenagem e com roupa nova inspirada nas Ducati Monster
Cagiva Raptor: nova roupa e novo nome para a Planet, a Mito naked
Ducati Monster: inspiração para a Planet/Raptor

 

 


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