Documentário: O Sol Poente – O passado e o presente dos Bosozoku

Os bosozoku são a versão japonesa dos típicos grupos de motociclistas fora da lei. Mas a única semelhança com grupos pelo mundo afora é o fato de serem outsiders. Todo o resto é completamente diferente. As diferenças culturais gigantescas do oriente para o ocidente, assim como o contexto histórico, fizeram deles uma versão muito mais complexa e sofisticada do que, por exemplo, os grupos de foras da lei motociclistas da América do Norte e seu séquito de imitadores por todo o ocidente.

O movimento surgiu nos anos 50, quando a indústria automobilística japonesa (entre outras) cresceu incrivelmente com o incentivo dos Estados Unidos (como retratação) após a Segunda Guerra Mundial. O crescimento econômico foi estrondoso mas causou um êxodo rural em massa no país e que barateou muito a mão de obra na indústria. Isso acabou criando a figura do trabalhador explorado à exaustão e com remuneração muito baixa. Com isso, foi uma questão de pouco tempo para que surgisse uma classe trabalhadora em condições sócio econômicas desfavoráveis e , consequentemente, seus filhos, abaixo da idade legal (20 anos no Japão), formaram grande parte das gangues de fora da lei rebeldes e descontentes com tal condição. Aí surgiram os bosozoku, vindos de classes sócio econômicas mais baixas para mostrarem sua insatisfação com a sociedade japonesa e utilizando como instrumento principal a motocicleta.

Como o Japão sempre foi um país com leis muito rígidas, o conceito de fora da lei pode parecer meio bobo para nós, no ocidente. Mas basicamente eles eram considerados arruaceiros pelo fato de rodarem muitas vezes sem capacete (proibido no Japão), em velocidade muito lenta e segurando o trânsito, furando sinais vermelhos, disputando rachas, costurando em alta velocidade e causando confusão e problemas portando armas brancas, tacos de baseball e coquetéis Molotov (armas de fogo são rigorosa e eficientemente controladas no Japão). No passado, como outras gangues, eram braços a serviço de organizações criminosas como a Yakuza.

Entre os anos 80 e 90, formavam enormes grupos com 100 motos ou mais e rodavam em baixa velocidade em vias expressas com a intenção de atrapalhar o fluxo do trânsito. Uma ocasião recorrente em que faziam isso era, geralmente, no ano novo.

A polícia japonesa, ao longo do tempo, foi criando leis mais rígidas justamente para ter mais poder para abordar e acabar com as atividades dos bosozoku. Com isso, eles foram gradativamente sumindo. Em 2011, o número estimado de membros das gangues era de pouco mais de 9.000 e, as gangues, em torno de 500. Em 1982 o número de membros era de mais de 42.000.

As motos utilizadas eram motos comuns de média e baixa cilindrada modificadas em uma combinação que parece indigesta para nós ocidentais. Uma mistura das motos inglesas dos rockers (cafe racers) com as custom americanas. Escapamentos abertos e bancos muito característicos com um enorme encosto para o garupa. Além disso, carenagens com o farol lá em cima, quase na linha de visão do piloto.

No lugar de coletes de couro, jaquetas leves e longas (parecidas com um jaleco), até quase os tornozelos, brancas e com símbolos e inscrições de cada gangue. Muitas gangues se diferenciavam pelo estilo de modificação nas motos como os bosozoku de Ibaraki (cidade japonesa), conhecidos por suas motos com cores berrantes e escapamentos enormes direcionados para cima.

Típica motocicleta bosozoku

Uma característica marcante de tocada dos pilotos bosozoku é andar em zigue-zague e acelerando fora de marcha constantemente (me parece que foram eles os precursores do maldito corte de giro…)

A cultura de customização dos bosozoku também acabou caindo no gosto dos customizadores de carros e é muito comum hoje em dia ver carros bosozoku com enormes e exagerados spoilers e saias dianteiras igualmente desproporcionais.

A sub cultura de customização de carros também pegou emprestado o estilo bosozoku

Apesar de não utilizarem armas de fogo, eram gangues violentas que se confrontavam e também matavam com facas, tacos de baseball e métodos mais cruéis como arrastar alguém amarrado a um carro. Mas a rigidez da polícia japonesa está quase extinguindo essa parte da cultura e história que envolve as motocicletas no Japão. Separamos para você um ótimo (e curto) documentário, produzido pela Vice, que conta um pouco da história e de como estão e vivem os bosozoku restantes nos dias atuais.

Divirta-se:
Obs: infelizmente o documentário é em japonês e as únicas legendas disponíveis, estão em inglês)

 

 

 


One thought on “Documentário: O Sol Poente – O passado e o presente dos Bosozoku

Deixe seu comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *