Honda CB 400 1983 Modern Cafe Racer

A Honda CB 400 e suas variantes é, de longe, uma das motos base prediletas da maioria dos entusiastas dispostos a encarar seu primeiro projeto de customização. Por conta disso e do relativamente recente interesse, a velha guerreira da fabricante japonesa, que já foi sonho de consumo de muita gente nos anos 80 e início dos 90, acabou tendo seu valor um pouco  inflacionado. Mas sua fama de mecânica robusta e pau pra toda obra (apesar de suas manhas e probleminhas) se encarrega de, mesmo com um valor um pouco inchado,  manter a procura pelas CBzonas que ainda rodam por aí. E foi justamente um modelo 1983 (CB 400 II) a escolha de Eduardo Kim para um projeto em constante mutação cujo principal objetivo é trazer a moto, sem grandes alterações estruturais, para os novos tempos da revolução digital.

A CB é conhecida por ter, para aqueles que intentam seguir a risca o movimento estético das cafe racers, um quadro inadequado. Seu sub frame é um pouco mais baixo que o restante da moto. Quando original, tal característica é quase imperceptível por conta do volumoso banco e laterais plásticas. Mas a partir do momento que a moto é deixada nua, percebe-se uma nítida “caída” da bundinha da motoca. E isso impossibilita a almejada linha reta entre tanque e banco. A maioria dos projetos que utilizam a CB tendem a refazer completamente o sub frame para “corrigir” tal característica, assim como optam por um tanque menos volumoso que o original com seu perfil mais pesado e quadradão.

Mas, apesar de escassos, alguns projetos tentam burlar de uma maneira inteligente a questão do quadro sem precisar fatiá-lo e refaze-lo. Mais escassos ainda são os bons resultados quando se mantém o quadro original. Mas não é o caso da “Dondoca” (sim, a CB tem um nome carinhoso). Kim, o responsável pelo projeto, optou por não modificar estruturalmente a motocicleta. Para isso fabricou uma segunda estrutura que, sobre o quadro original, sugere a almejada linha reta. Mas, mesmo assim, o desenho do banco abraça a característica de uma traseira descendente, acompanhando o desenho do tanque, sendo rebaixado ao longo da moto o que a torna ainda mais interessante como se fosse uma espécie de meio termo bacana entre os dois mundos. O tanque permaneceu original (o que é bem raro) e ficou muito interessante no conjunto.

Dondoca: operação plástica inteligente para não deixar cair a bundinha da vovó. Uma peça foi criada para deixar o banco no mesmo nível da linha do tanque.

Uma das coisas que chama bastante a atenção é a frente da moto. Em uma primeira olhada, você pensa que a cobertura do farol é uma peça incrível meio alienígena que deixou a motoca com ares super modernos. Mas… não é nada disso. A cobertura do farol é um peça fabricada a partir de uma coifa de cozinha! Não é um prato duralex mas chega perto : ) Segundo Kim foi preciso inutilizar umas duas ou três coifas pra chegar a um bom resultado. A gente espera sinceramente que a cozinha não seja da mãe dele.

“Que frente bacana! De onde você tirou?” – “Da cozinha”

Mas o grande diferencial do projeto não está explicitamente à mostra. A ideia principal de Kim era modernizar a motoca em questões de parte elétrica e eletrônica. Isso é que é coragem já que todo mundo sabe que elétrica é algo que ninguém quer meter a mão, principalmente em uma moto mais antiga. Mas, munido de coragem e uma possível dívida amarga de cartão de crédito, Kim levou todos os comandos da moto para o punho esquerdo da moto em uma peça super estilosa da alemã Motogadget. Da Motogadget também veio o belo painel central e, principalmente, o cérebro eletrônico da moto: um módulo, provavelmente baseado em arduíno, M Unit Blue (Motogadget). O módulo é responsável por controlar e centralizar toda a eletrônica da moto, inclusive remotamente via blue tooth pelo smartphone (pega essa Batman e Batmóvel). Pra fechar com chave de ouro, um escapamento feito especialmente pra Dondoca decora a parte de baixo da velhinha que agora é uma jovem conectada e antenada.

O resultado ficou tão bacana que acabou levando o segundo lugar na primeira etapa do Concurso de Customização promovido por Motocultura segundo as notas dos jurados.

Assista abaixo a entrevista com os detalhes do projeto e da Dondoca que, aparentemente, só falta falar.

Harmonia em um conjunto que manteve quadro e tanque original
A peça que levanta o banco feito no capricho
Curva de escapamento sob medida para uma saída 2 em 1
Imponente conta giros Motogadget: limpo e estiloso

Cérebro alemão: o módulo M Unit Blue que conversa com o smartphone do proprietário. Fita de led embutida no quadro faz as vezes de lanterna, luz de freio e piscas.
Pisca e espelhos de ponta de guidão
Ponteira feita com capricho pra Dondoca.
Motorzão conhecido de muita gente. O detalhe do espelhamento das tampas fez a diferença.

Uma homenagem aos canhotos: todos os comandos no punho esquerdo, quase invisíveis.

E você? O que achou da motoca? Ficou com alguma dúvida sobre algum detalhe? O que faria de diferente? Escreva nos comentários!


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